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A
HORA DOS DIAMANTES
Nós,
os Celebreiros,
declaramos somente contar com a chama de
nosso interior
Contamos apenas com o “mar de raios”, do
sol do céu,
do sol de nossos corações brasileiros
universais
Possuímos raízes profundamente fincadas
Determinamos cobrir esse país -Terra
com as folhas de ouro da poesia
“Não avança é recuar”
Nossas mãos, vozes, palavras,
inauguram a comunicação de alma para alma
Essa é a atitude de um celebreiro pau pra
toda obra
Essa é a nossa doce entrega
Nada ou ninguém é caso perdido
Avancemos!
Se quiser nos acompanhe
Avançaremos, e o que importa é avançar
Se desejar, nos chame de tropicalistas,
mangue-beat, nação - brasílis,
homens-mulheres de pedra orgânica, ciclone
invisível,
ou qualquer outra maravilha sem cotação na
bolsa de Pequim
O fato é que estamos acordados
diante de uma terra cheia de estrelas e
demônios estrelas.
Nada temer
A Lei das Leis é a nossa pele selvagem
Nosso sonhos ganharão corpo no reino da
matéria
Não abriremos mão, ser feliz é a nossa
opção
Infalivelmente os verdadeiros humanos
serão evidenciados
e a voz do poeta será (é ) a maior de
todas as vozes
porque a poesia é a maior de todas as
revoluções
( EDU PLANCHÊZ )
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CHOVE UM NOVO PENSAR
“Digo que se deve ser
vidente... se fazer vidente!” ( Rimbaud)
“a poesia deve ser feita por todos” ( Lautrémont)
“a poesia deve ser feita por todos” ( Lautrémont)
“Quando os assassinos do verdadeiro Rei
obtém licença
para andarem livres
para andarem livres
mil mágicos surgem
sobre a Terra”. ( Jim Morrison)
“Estou cansado de bater
e ninguém abrir” ( Renato Russo)Chove um novo pensar,
família essa formada por pessoas poetas,
despertemos para essa claridade,
temos que fazer parte desse novíssimo organismo
senão será o fim da civilização
Acredite ou não, o poeta está certo, os poetas estão certos,
os grandes pensadores... mas, quem os ouve?
Pessoas estão sendo abatidas como moscas
sob o sol
descorado da cidade linda
Um mar de sangue talhado inunda as celas nossas casas
Absortos, os habitantes da cidade linda acordam,
comem e morrem entre os dentes do fogo tigre metal pesado
Em nome do dinheiro fedorento,
humanos são abatidos feitos moscas
Melhor não nascer, melhor permanecer no mundo invisível?
Melhor adentrar-se no ventre da mãe mulher, dele sair,
para mergulhar na banha do mundo usando de luz, uma espada
( EDU PLANCHÊZ )
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ROSTO ÓSSEO
“não existe tempo em lugar algum”
( Mario
Peixoto)
“o ponteiro de segundos diz: menos um, menos um...”
( Mario Peixoto)
O centro da esfera é essa chuva
de nossas intimidades
Quem é que se move, a lente molusca
ou a visão água viva?
Má – ri – o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o!!!!!!!!!!
Nenhum tempo nos espera
Aqui dentro
Lá fora
No resto das latitudes
O ponteiro desliza levando com ele o soro de nossas vozes
O cinema feito por você, cineasta “Nuvem de calças,”
circunda, circunda, circunda as plácidas mentes
dos vindouros presentes
O Astrolábio, a Bússola, o barômetro, a câmera,
a moviola: pedras de gelo na alta tempestade
Estou dentro da ampulheta contando grãos atômicos
Fundido as partículas pétreas
escorrego para a outra ânfora
A máscara de Dionísio
encaixa com perfeição nos moldes desse rosto ósseo,
do outro lado, do outro lado,
de mim mesmo espelhando tudo
( EDU PLANCHÊZ )
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O NEGRÓIDE TÚNEL
ABERTO NAS MURALHAS DO INSTANTE
O negróide túnel
aberto nas muralhas do instante
(por minha supra vontade )
nos leva ao intenso capítulo
da novela última
escrita pelo irmão Dostoievski
(sob as mais adversas condições)
O Irmão Dostoievski
diz aos passantes que resistam
aos apelos do fácil,
digo o mesmo
acrescentando alguns olhares
( EDU PLANCHÊZ )
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CADEIA
150 pessoas confinadas num cubículo
cabe apenas um único demônio
A imagem dolorida permanece reverberando, impossível de digerir,
não encontro respostas no campo do sentimento
Nessa noite estive na companhia de alguns amigos
numa carceragem
(em Nova Iguaçu), encontramos irmãos iguais a nós, sentados no chão sujo e frio,
estavam lá à nossa espera,
ali na qualidade de poetas solidários,
levávamos e buscávamos
um pouco de calor humano
e esperança para nós e para aquelas pessoas habitantes do inferno
Acredito que estar enterrado numa carceragem,
nos equinócios de um hospício,
nos trapos de um leito hospitalar
ou nos egoísticos acordes de si mesmo,
é degradante
( EDU PLANCHÊZ )
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PERFUME E MÚSICA
Fotografias de mulheres perfumadas armam iglus
nos ângulos aéreos de minhas narinas,
narinas artisticamente perfeitas
Respiro o ar vindo das fotografias,
engolindo pêlos, declives úmidos,
perfume e música
Fotografias reacendem o que dormia,
e o meu outro eu vocifera, “ Artaud!”
No filme que chega pelas torneiras
do “Le Monde”
a atriz do cinema mudo beija
o cineasta polonês
fazendo sombra ao papel vegetal
e às gelatinas das luzes
( EDU PLANCHÊZ )
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LATITUDES DO ESCORPIÃO
Um castelo com mais de cem portas
cresce nos gravetos do vaso de plantas
A harpa imantada pela lua do Leblon
despenca do cacho maduro
As falas do belo contracenam comigo
Um castelo com mais de três mil portas,
levantado com tijolos
de matéria estelar,
poeira de música,
sentimentos e açúcares.
Vagueia o castelo
nas latitudes do escorpião
( EDU PLANCHÊZ )
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Zeca Silveira
que transformo tudo em palavras,
que sou uma matraca que não para de pensar
Palavras correm na imensidão
Palavras preenchem o radiante céu de Milus
Elas varrerão os séculos
Zeca Silveira afirma, “falas pelos cotovelos,”
sim, falo com toda a minha cosmologia,
nasci para falar,
para amarrar palavras
nos panos desses homens calados
( edu planchêz )
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Ave magnética saindo do centro oceânico
da letra que tudo inicia
Novamente me vejo deixar as vozes da nau correr sem rota
pelas largas correntes do extremo
Ave magnética saindo do centro oceânico da
letra que tudo inicia
Lobo de vozes estranhas patinando na neve
do inverno doméstico
Vai a nau singrando pelas arestas
radiofônicas
do livre pensamento
Não quero pensar,
atinar para que direções-setas esse
escrito encaminha-se
A estrada está aberta para o navio que sou
deixar seus rastros humanos nas luvas das
águas de nossas mãos
O vento velho altera o movimento dos
corpos
na dança única da metrópole
que construo entre os dentes do tigre
elétrico da música
Cidade de mares sempre navegados,
ao norte do norte da agulha atraente,
se Marilza Francisco voltasse a escrever
esféricas poesias, não sentiria tanto frio
Fica o convite e os penachos da borboleta que some na mente,
os cobertores de fibras marinhas,
fibras de algas, fibras de pólios floridos
Lagostas sobem aos céus dos livros
por conta das conjugações de um ciclone de
palavras enormes
A literatura que pratico tudo pode
Aqui não me preocupo com significados
Aqui não me preocupo
( EDU PLANCHÊZ )
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A
coisa preta que de noite ninguém vê
A coisa preta que de noite ninguém vê
se ninguém não inventar eu invento
A coisa preta que de noite ninguém vê
não precisa ser inventada
A coisa que de noite ninguém vê, mia, arranha a porta,
sobe nos móveis,
revira o cesto de lixo e os danados dos
papéis
A coisa preta que de noite ninguém vê,
trouxe de seu mundo preto uma espécie de
amor preto
que nos cobre de dentadas
Acho que antes dessa coisa preta que de noite ninguém vê
não existia The Beatles,
não existia o mundo,
eu não existia em meio àquela ópera
surrealista,
coisa preta!
A coisa preta que de noite ninguém vê, esteja onde estiver,
ao ouvir esse poeta sacudindo o pote de
ração,
sobe as escadas correndo,
entra em casa e se joga com todas as patas
nos raios rocíos do listrado sofá
( EDU PLANCHÊZ )
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A CORUJA MÃE
DE TODOS OS
POEMAS
A coruja mãe
de todos os
poemas
sobrevoa a
cúpula
de nossas
cabeças
ainda pequenas
Nós,
simples aspirantes
ao projeto maior
contemplamos a ave símbolo
da inteligência
despejar seus filhotes
de papel
dentro
de nossos simpáticos
corações
( EDU PLANCHÊZ )
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para que tudo conspire a nosso favor
Sintonizando o verde das notas de cem,
as praias da Catalúnia,
a inteligência administrativa de Picasso e Dali
Minha inteligência liga-se
ao raio metal
da boa colheita
Nenhum medo
de degenerativas doenças,
não seria eu um bhuda
se tremesse diante das intempéries
do corpo
Acho que “andei sambando errado”
mas sou humano
passível de erros e acertos
Embalado pela fé sem fronteiras
atarraxo meus parafusos
nos furos desse dia crucial
Meu canto bicho espalha-se
pela “selva de aço e antenas”
O bambu chinês Edu Planchêz está bem entranhado
na terra, é hora da árvore elevar-se
até o céu das pessoas
( EDU PLANCHÊZ )
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16h e 46m da minha tarde
A girafa de luz grená
mora na parte oéste do verso
que ainda não gestei
Fernando Pessoa nos segue
picotando letras
sobre os nós
de nossas cabeças estreladas
Sejamos o pássaro de tinta fosforescente
para pintarmos na água
as melodias que Jorge Luis Borges
encontrou na ponta do iceberg
Pensar Pensar Pensar
até derreter os blocos confusos
regentes de nossos cérebros comuns
Dez e trinta e cinco
de segunda-feira
no mesmo quarto de pensão
( EDU PLANCHÊZ )
( EDU PLANCHÊZ )
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As patas do lobo dourado
As patas do lobo dourado estão presentes em todas as páginas desse caderno,
procuro o sono nos solos de Valdir Azevedo
para que o gracioso animal vindo da constelação de
Centauro
derrame o aroma
das flores de laranja em nossas fronhas
Mesmo tenso e com dificuldade de dormir
sou o homem mais feliz do planeta
tal qual Nitiren
pilar da presente civilização
Determinado a vencer sob toda e qualquer circunstância
faço da poesia o prismático alimento
Meu pai!
Minha mãe!
Meu filho!
Minha mulher!
Meus irmãos e irmãs!
Amigos e amigas!
Nas tardes e nas noites
não esqueço o beijo
que Aldir Blant deu em minha testa
dizendo “nunca desista”
(após comprar meu simples cd)
( EDU PLANCHÊZ )
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Na testa dos muros
Tudo corre, tudo é mercado, era digital:
cifras astronômicas cobrem
os céus que antes eram cobertos de estrelas
Não quero esse mundo sem violas,
sem cadeira nas calçadas...
Acordo diante de uma realidade há muito profetizada
Os homens deixaram seus cérebros serem tomados
por vermes de porco
Nada me curva, mundo apodrecido!
Amigo Irael Luziano,
irmão, as juras que fizemos estão impressas
na testa dos muros
( EDU PLANCHÊZ)
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1973
Cinco e cinqüenta e cinco de 29 de agosto,
sob a modernidade
da chama de uma vela
escrevo essas linhas
Volto às frutinhas verdes envernizadas
que um dia encontrei
nos costados de uma colina
(aqui nos arquivos da cabeça)
São José dos Campos,
bairro Jardim da Granja
Morávamos de aluguel
na casa de um sargento
da Aeronáutica amigo de meu pai
Eu e meus irmãos e a cadela Pitini
correndo atrás de cadelinhas-magras
ainda não tocadas pela poluição
dos novos habitantes
1973 de muito frio,
terra estranha, chuva,
barro atolante grudando no sapato
e nos pneus da kombi 69 de
meu pai
( EDU PLANCHÊZ )
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O fogareiro
Marcas de uma segunda-feira:
dormi até às dezoito,
fiquei preocupado com a perda da luz do dia
Acordei desconectado,
com nenhum ou quase nenhum pino ligado,
desarvorado, cruzei às pressas as ruas lâminas da Lapa
tentando encontrar o comércio ainda aberto
Após rodar por um punhado de lojas
encontrei a resistência
que precisava para ressuscitar
o fogareiro
A tentativa para trazer o fogareiro à vida foi frustrada
porque a fajuta resistência estilhaçou-se
assim que liguei a tomada.
( EDU PLANCHÊZ )
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Brasil Barreto
e eu
Os animais falam bem alto!
Uma das patas da inquieta raposa transpira pelos
túneis
de um de meus ouvidos,
a tartaruga marinha nada nessas costelas...
O que fazer com os animais
e a maldita culpa que se eleva
toda vez que arreganho a porteira?
O peixe-meus-joelhos,
estampa suas barbatanas
sobre a extensão dionísiaca
dessas coxas
]Meus animais
eternamente no cio
parecem não respirar
sentimento algum
( EDU PLANCHÊZ )
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Cardumes de irmão e irmãs
A ponta ultra fina da realidade
perfura os tecidos
mais profundos
Pontas de corais fazem do que sinto
jardins redondos
povoados por sonolentas serpentes
e peixes-palhaços
Orgulhoso
de minhas próprias possibilidades,
da virtuose entranhada
nos próprios pulsos
Levanto as roupas
e saúdo os numerosos cardumes
de irmãos e irmãs
( EDU PLANCHÊZ )
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O amor dos peixes que hoje são fósseis
Sobre o nada construo Vilas...
eu, o arquiteto feito de fósforo e gases acesos,
ando nos andares mornos da construção
lançando jatos de abelhas-majestades
nos visionários olhos sonolentos
dos muitas embarcações
que a armada de Camões libertou
sob o denso lábio da imaginação
O mar dos que morreram e viveram pelo mar
é uma mulher sonhando
com o amor dos peixes que
hoje são fósseis
( EDU PLANCHÊZ )
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Carvão guadião das origens
A natureza superior
( o fogo e os céus)
e a natureza inferior
(a água e a terra)
unidas
sob
os nós
sustentáculos
dos pássaros tecelões
movem-se
nos dobrões
dos cocares
Atinge o simulacro
dos céus
a paliça e a lança
do homem
filho
da mãe
do milho
Toda a planície assiste os círculos de fogo
fundirem-se um a um
deixando nos rostos as marcas
dos mais de mil anos que nos separam
Para compreender o que digo, volte ao espelho,
mire o meio, encontre nesse centro o carvão
guardião das origens
Vejo nele ( o carvão )
olhando por dentro
que danças inebriado na fumaça
do esquecimento
(sobre um colina de ossos)
Tempo,
ainda corro com os alces
no plano central do continente
aborígene
Tempo,
esse planeta possui em suas vértebras
as vértebras dos corpos que
usei
( EDU PLANCHÊZ )
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A poesia do meu coração salvará o sol
Nosso sol está cada vez mais quente
ele não vai durar para sempre
daqui a seis bilhões de anos
não passará de uma Anã branca de opaco brilho
A morte física alcançará o âmago do sol
das manhãs de todas as vidas,
um dia, ou, há dia nenhum,
o que a ciência diz
nem sempre poderá ser comprovado
A poesia do meu coração salvará o sol.
O sol vem
salvando a poesia
há bilhões de anos
Não acredito na morte, nunca morrerei,
o sol não conhecerá essa fatídica palavra,
a confraria dos poetas eternos
não deixará que a convulsão de gases
consuma o Rei.
( EDU PLANCHÊZ )
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Comunidade
São casas grudadas nos pregos das letras,
rabiscos ou lares
ocultos no fundo verde das garrafas
Crianças ou imagens tortas espremidas pelos muros,
cachorros feito de linhas,
cercas eletrificadas, tecidos queimados
numa fábrica
em protesto aos importados chineses
Um, pista azul,
outro, grená.
São pessoas sem cor,
cores
manifestas
da estrada figurativa
Pessoas físicas,
mulheres e homens vestidos de zinco
e sobras de caixotes
( EDU PLANCHÊZ )
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Cavalo de arame
Seguindo os passos do cavalo de arame
entro no desenho transformado em porcelana,
desenho esse, trazido à segunda dimensão
por Pablo Picasso num dia noite
de intensa chuva de ovos
Não fui menino prodígio,
fincado no medroso corri os meus primeiros anos
de isolamento e tapas na cara
Nem todo peixe que reluz é moeda,
nem mesmo as barbas longas e ásperas
do homem que
encontrei num dos meus sonhos
continha a prata que as crianças precisam
para crescerem.
( EDU PLANCHÊZ )
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17
Infalivelmente
superararei a altura
daquele despenhadeiro
sou
um salteador
anfibio
crustáceo
quelônio
( EDU PLANCHÊZ)
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Cansado de rimas fáceis e previsíveis pessoas
“todos
trazemos uma auréola de inferno em torno da cabeça”
Cansado de rimas fáceis e previsíveis pessoas,
ordeno aos laços canoros
da substância psíquico- ativa da antena construtora
que escalde até o aflorar dos ossos
os que não se renderem
aos vendavais da hiper-criatividade
Porra de pessoas
que vivem
apenas para cagar,
morrer,
ver novela e comer macarrão
Que rachem até serem exibidos
os tentáculos da massa cinzenta
( EDU PLANCHÊZ )
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Os símbolos atormentam e alegram as cabeças
Os símbolos atormentam e alegram as cabeças,
isso é inegável, veja o significado, ouça a
significância
daquilo que nos leva a uma grande idéia
Uma esfera bem encaixada na boca de um quadro
nos leva à oitava elegância
ou a um certo capitão piloto da nave enigmática
Os símbolos de uma época esparramam-se
sobre os rótulos dos remédios,
misturam-se aos grãos do vinho,
entram nos sabores do pão
Despejo o oceano no fundo falso de uma xícara
Bordo nos fios do pêlo do gato o rosto de Janis Joplin
porque Maria Isabel que morou em Frisco
mora em minhas portas
Os símbolos confessam, “estás a 200 metros de tua liberdade”
Canhões de música e luz arrastam o que crio
até o abrir
e o fechar de teus olhos
O Deus Símbolo desdobra asas,
decola levando no bico esse poema
A profecia dos símbolos
risca na lâmina da sensibilidade
os contornos das formas
que a matéria mãe deseja para seus filhos
Os filhos dos símbolos
arremessam pedaços geométricos
sobre as cúpulas
das torres
Que se abra a veia
para vermos
na tela
do sangue
esses ícones
A cruz de estrelas
junta-se a outras cruzes de estrelas
para compor no pensamento celeste
as frases de minha vida
( EDU PLANCHÊZ )
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O Homem e o Bhuda
Aristótelis afirma:
“a Terra é o centro do universo”,
errou,
o centro do universo é você,
sou eu
Após a fecundação,
bebi os espermatozoides
que não atingiram o núcleo
do óvulo
Continuo bebendo...
o que sai da boca da uva-neurônio
e da uva uva
Entre naves
e ferozes insetos...
nado
no óleo
da lâmpada de Aladim
Assim é o passeio
daquele que flutua
entre o Homem
e o Bhuda
( EDU PLANCHÊZ )
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O Horizonte
O Horizonte do Czar
estende-se
para além das montanhas,
toca as faces da água,
penetra nas fibras da madeira,
atinge os alagados do semblante
Um dia os trezentos
e tantos mil países da esfera
ficarão debruçados
sob a dignidade de meus poemas
para erguerem estátuas
O Brasil orgulhoso
estenderá tapetes
de luas frescas
para esse escriba
e suas amadas dormirem
( EDU PLANCHÊZ )
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CESTO TECIDO COM FIOS SANGÜÍNEOS
O sopro que vem das bocas de meus pés diz:
solte os passarinhos, as aves não nasceram
para o cárcere,
nós não nascemos para tombar diante da
porta da perfeição
Fazer agora o que tem que ser feito
porque no vento de hoje há um avental de
flores cor de leoa
Reviro a terra com os extremos,
encontro o tubérculo encarnado e as maçãs
que alteram os translades
A lua azul de kamakura suspende as telhas
e a calha
para que possamos saborear o espetáculo
imaculado
Amigos Deuses, tenho as lentes,
as poderosas lentes que um dia queimaram
as naves dos inimigos de Atenas
Usarei a imensurável luz de Hélius para ampliar tudo
que gera sonhos
Guardarei sempre, a boa sorte e os feijões
trazidos pela lua azul de Kamakura
no fundo agudo
do cesto tecido com fios de sangue
( EDU PLANCHÊZ )
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Compromisso?
Deitado nas folhas, entre uma pedra e outra...
Edu Planchêz não preocupa-se,
deixa as espumas dos fonemas seguirem seus rumos,
ele é um corpo pensante atravessado
entre o nascente e o poente
da cidade Rio de Janeiro
Não cobre coerências,
o livre artista soletra palavras
desenterrando coisas
até então desconhecidas
Cão com plumas,
“Cão sem plumas,”
compromisso?
Apenas com o sono zênite
das ervas
( EDU PLANCHÊZ )
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Crateras
O gás hilariante
deixa a boca
e os dentes
mais que trêmulos
Agora, o homem é roda-gigante,
carrossel saboroso
entrando no solene palácio
do riso
O Charada
chegando do centro sul da Índia
reina arrancando dos vasos
do nariz... minhocas!
Fita a platéia,
rodopia chamando pelos nomes
de seus pais
Acreditamos
piamente nessas cenas,
afinal de contas,
somos filhos do gás,
da água
e da argila,
herdeiros da arte ousada
vinda das crateras
( EDU PLANCHÊZ )
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AMOR, SE VOCÊ AMASSE
O FUGIDIO COMO EU
AMO...
Amor,
um dia serei prêmio Nobel, fique certa
disso,
minha dedicação à literatura é tão grande;
anos há fios dedicados ao exercício do
desentranhar multidões,
sonoridades, estonteantes imagens,
lágrimas e suores
Amor,
entenda, sou um homem da montanha, um
homem-montanha,
um homem do mar, um homem-mar
apaixonado pelo estranho, pelos labirintos,
pelos abismos insondáveis;
um fazedor de imagens futuras, de barcas
revolucionárias,
compositor de idéias e contrastes
Amor,
se você amasse o fugidio como eu amo,
os galhos da árvore fantástica entrariam
pela janela
e a nossa casa seria um pomar repleto
Todos os conflitos encontram soluções nas
pátrias da poesia
e nos cristalinos filmes
Amor,
subamos nos fios de nossos próprios
cabelos,
no alto do
Corcovado para entrelaçarmos os dedos e os olhos
( EDU PLANCHÊZ )
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MAÇÃ DE OURO OU LARANJA
MAÇÃ DE OURO
ou LARANJA
oriunda do leste europeu
EDU PLANCHÊZ
ou SILATTIAN
oriundo dos outeiros de Jacarepaguá
Jacaré-coroa
e dos pampas das visões de Riobaldo
Rodei, rodei
em torno do baobá do esquecimento
e nada esqueci,
lembro de tudo:
dos navios
e do reino dos homens e mulheres
dos pés descalços,
dos leões iluminados
e das tendas de
madeira lustrosa
( EDU PLANCHÊZ )
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Um dia levantei o colchão
da cama de minha avó paterna
(PARA NICOLI, ROBERTA & JOÃO LUÍZ)
Um dia levantei o colchão da cama de minha avó paterna,
para minha surpresa vários cartazes com a
fotografia
do presidente
Getúlio Vargas ali estavam
carcomidos pelo mijo de meus irmão menores
e pelo meu próprio mijo
Acho que o ano era 1969,
não lembro muito bem o que fazia
naquele momento da pré-juventude
Manoel Bandeira e Cassiano Ricardo eram os
galos
que me acordavam para as macaquices:
“Martim Cerêre” chutando a Terra de couro
nas molduras da minha janela,
a mais fascinante janela de Jacaré-coroa
Jacarepaguá
Muitas vezes via “o bicho” homem catando lixo
nos latões do pátio da minha escola Morvan
de Figueiredo...
Um dia levantei o colchão da cama de minha avó paterna,
para minha surpresa vários cartazes com a
fotografia
do
presidente Getúlio Vargas ali morriam
ou tentavam mostrar as crianças o rosto
do possível pai dos pobres
do possível pai dos pobres
“Anda Luzia, pega o padeiro e vai pro carnaval
Anda Luzia, que essa tristeza te faz muito
mal...”
Lembrança, lembranças? Eu tenho uma
história, uma origem,
nada tenho haver com o pequeno dinossauro Horácio
filho dos dedos de Mauricio de Sousa,
conheço meus pais e meus irmãos,
não, não nasci de um ovo pré-histórico
Acredito cada vez mais na poesia, e nas
pessoas,
no que elas podem fazer por mim,
no que eu posso fazer por elas
Pai dos pobres,
pai dos ricos,
pai dos alvoreceres e dos crepúsculos
amados,
esse não é o invento Deus, nem o político
acima citado,
para mim é Mário Quintana de quarta-feira,
de quinta-feira,
de sexta-feira,
de sábado e de domingo
A entidade poema ajuda a pessoa física
que está sentada na frente dessa tela
vermelha
reorganizar os pensamentos e os traços da
figura
que ele representa dentro da sociedade humana
A noite e a madrugada baixam
com todas as escamas que são quadros de
Dali e Picasso
sobre os tentáculos musculosos de minha
cabeça tão tua
Um dia levantei o colchão da cama de minha avó paterna,
para minha surpresa vários cartazes com a
fotografia
do
presidente Getúlio Vargas ali morriam
ou tentavam
mostrar as crianças o rosto
do possível pai dos pobres
do possível pai dos pobres
( EDU PLANCHÊZ )
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Claridades da lama
(para Kairus Trindad e Gisele Amarelo Cabelo)
Coincidência ou não, pensei, escrevi,
falei sobre Getúlio
Vargas...
liguei a tv, Jô Soares entrevistava um sociólogo
que num determinado momento disse as mesmas palavras
que eu acabara de dizer
Minha antena, tua antena, nossa antena
agarradas nos fios dos intensos acontecimentos ,
essa é a razão de nas letras armarmos as alucinações
que alteram profundamente a
percepção
das pessoas sobre o mundo
Kurt Cobain grita o tempo todo
por dentro de nossas casas
um berro de pureza e integridade,
a poesia do tempestuoso
faz a temperatura congelar e aquecer
o sangue com ventos
de milhões de quilômetros por segundo
Difícil caber em si
quando já desafiamos os desfiladeiros
e as claridades da lama
( EDU PLANCHÊZ )
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Conchas abertas
Visto a malha metálica
que a modelo ossuda vestiu
numa das passarelas do Rio Fashion
Entro nos moldes riscados
pelo saudoso Dênis com rastros de grafite
As chuvas
anunciam a chegada dos salmões,
eles chegam com as mulheres,
o ar enche-se de taças
e de água salgada
O plano da beleza
é impor aos olhos
e aos sentidos
uma aguda fragrância
Nos labirintos,
elas trocam os trajes,
possuirei conchas abertas,
conchas abertas, conchas abertas,
abertas, abertas, abertas...
( EDU PLANCHÊZ )
( EDU PLANCHÊZ )
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Dúzias de ovos quadrados (ovos retratos)
bóiam na clara espessa do
ovo olhar
( ao parceiro Brasilande de Sá Barreto)
“A voz faz o trabalho do Budha”
Esse poema nunca vai ser lido
porque o escrevo de forma automática
deixando o subconsciente ladrar
Esse poema sempre vai ser lido porque
o escrevo de forma automática
deixando o subconsciente grunhir
Dúzias de ovos quadrados (ovos retratos) bóiam
na clara espessa do ovo olhar
Minha mãe ainda menina vestida de florista dança
em volta da fogueira composta por galhos de
sândalo
(creio que ela traz nos lábios a canção
que contém meu nome)
Vou mais longe ainda alongando os braços e o
pescoço
para pegar no cabo do machado que cortou a árvore
usada para ser um dos mourões
que integraram os alicerces da casa
que reverenciou os meus franceses ancestrais
O raciocínio começa a impor seu reino,
o escritor aqui assume o seu sentido
de ser um dos pensares do mundo
para destravar o sentimento inútil,
de ser inútil, de servir para nada,
de estar vivendo atoa
Vazio, vazio da dor inexplicável, carolas de flores frescas,
galhos e folhas prontas
para compor as novas camada do chão
Eu, o chão do planeta:
as pessoas pisam em mim,
os animais dos grandes cerrados
armam suas camas de chuva
sobre os vãos de minhas costas
Poeta que dorme nas camadas do homem
Antônio Eduardo Planchêz de Carvalho,
continue acordado,
ajustando a vida desse homem a vida do mundo
Antônio Eduardo Planchêz de Carvalho
possui uma família de sangue
Estou triste, o que é tristeza? Segundo Osho,
somente um momento profundo,
um instante de inverno,
um tempo em que as luzes ficam geladas
Dúzias de ovos quadrados (ovos retratos) bóiam
na clara espessa do ovo olhar
Após um banho de água real
retomo o poema inesgotável e as rédeas da
escrita
O livro aqui plasmado cabe no canto esquerdo
das estantes do rosto
Palavra por palavra entrando no beco
moradia de Manoel Bandeira
Também sou poeta menor,
partícula única da poeira milenar
Meu pai terrestre,
por uns sóis nos Antares da juventude,
foste o sonhador Roberto Paranhos,
tocaste em algo terrível,
por isso abandonaste o dom de “ver” num canto,
no sono, nas redes do esquecimento?
Pai, não posso julgá-lo, com que direito o faria?
As brasas apanhadas por ti nos quadrantes do
insondável
cá estão, mais vivas do que nunca,
mais obtusas, mais agudas,
prontas para estilhaçarem a penitenciálria
vidraça
Nenhum arrependimento tremulando nos varais
Nenhuma perna quebrada por conta dos tombos
Dúzias de ovos quadrados (ovos retratos)
bóiam na
clara espessa do ovo olhar
Esse poema levantará vôo andando feito pássaro curiango
(pássaro que muitas vezes vi entre os bambus
e as sombras da noite mágica)
Venha, menino criado longe do mar,
cravar os dedos na casca do fruto futuro
Venha, homem de gênio,
marchar sob o teto nevoento dos aviões antigos
Dúzias de ovos quadrados (ovos retratos) bóiam na clara espessa do ovo olhar
Nas artes das letras empunho a espada forjada
por meu mestre do espírito humano
Ela é a minha caneta, a boca e a língua
“A voz
faz o trabalho do Budha”
( EDU PLANCHÊZ )
( EDU PLANCHÊZ )
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PAPIRO A
(
à Marcelo Yulka )
1-Luz origem
Jackkeroukeando embrenhei tiras de papel,
umas nas outras,
para me sentir nas escamas do velho
malungo
Antigo como os escaravelhos
Nem cego, nem surdo
Inspirado pela angústia e pelas guitarras
do passado
2-Stephan Grappelli está aqui comigo,
ele e todos os Reis e Rainhas da pátria
violeta
Stephan Grappelli pressiona contra o peito
seu violino planetário,
estendendo um dos seus braços por toda a
extensão do comprimento
balsâmico de minha sala,
até o arco de crinas roçar o corte úmido
do violino ventre
3-Meu pai minha mãe,
nascemos, nasci
4-Pétalas pregos pétalas pregos penetrando
pardas pálidas plantas
Nossos corpos de carne e números
Arte menor
vinda da lama salgada
Arte maior
caída das crateras erguidas pelos pássaros
fazedores de vento
5-Falo de tudo, mas não toco na falta de amor,
da “flauta que me roubaram”, da mulher, do
arquétipo mulher
6-Diante da minha velhice, das nuvens carregadas de Astor Piazzola,
dos trovoes Astor Piazzola se sobrepondo aos meus trovões
ora acomodados,
fico quieto, o silencio é a mulher que desejo
7-Dor musical, dor quase cortiça, quase centelha de gelo se revirando no corte umbilical do ultimo trovão
8-Pequeno, paralisado, não querendo entender absolutamente nada,
não há o que entender, a morte leva as
lagartas e as borboletas,
o beijo e os planos
( EDU PLANCHÊZ )
( EDU PLANCHÊZ )
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PAPIRO B
1- Levanto a vela, a coluna e o mar
E vou rosaventando para o sul das futuras
noticias
Alegre, aos pés do maestro
Guardo meus maestros em caixas de acetato;
ali, eles, as cordas, os couros e os
metais,
dormem ate o próximo concerto
2-Papiro B
Papiro A
Janela J
Aquelas botas sem cor deixaram de provocar calafrios nos insetos,
eu já não os mato, eles povoam as
altitudes dessa casa cantante
e a tela que usaremos para pintar o nosso
ótimo filme
3- O novíssimo mundo tornea-se nos vibratos da minha poesia
Aqui as vindouras gerações poderão
caminhar
O vento não vertera uma única folha
Os amores serão sempre embevecidos com a
mais jovem essência
Se quiser poderá juntamente com
nossos irmãos poetas de todas as épocas,
compor o feixe, ser mais uma vareta
guardiã da abstrata chama
Não há promessas de dias fáceis para um
apóstolo do silencio,
o único tesouro prometido, é o tesouro do
coração
Essa chama escorreu em Joachim de Floris,
Hieronyus Bosch,
Pico de Mirandola...
e chegou ao nosso tato
São José do Rio Preto,
20 de dezembro de 2001
( EDU PLANCHÊZ )
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TERREMOTO FRONTEIRA VERTIGEM
Abro um fio úmido no fosso
para que todas as possibilidades do peixe
se eternize
Chuva de nós mesmo, clarim,
pétalas de rosas frias misturadas aos
círculos do papel
Tempestade no crânio, “tanto limão pelo
chão”,
tantas formas piramidais espalhadas
pelas camadas calcárias do mar,
pelas camadas calcárias do mar,
poderia chamar ladeiras de mar,
um mar de gente estende-se
no pano-bandeira-estandarte de um país
inteiro
Biscoito, café!
Tagarelo: não ter assunto é assunto,
não ter a exata dimensão do aquário
possibilita tragar qualquer o peixe
possibilita tragar qualquer o peixe
Meu ninho de possibilidades
caberia perfeitamente numa folha de parreira
caberia perfeitamente numa folha de parreira
Meu sonho de uva ultrapassaria aquelas
calmantes nuvens
Laço com o cabaço que o sol me deu o falo-botão-de-azaléia
Johny Mathis, o cantor, vida inteira de tia Solange,
a menina professora que aos 28 rasgou a
roupagem da pele
Nossos mortos palpitam nas uvas ainda verdes
E o nosso quintal não possui mais que alguns metros de saudade
Sinto saudades de tia Solange,
dos muitos beijos que lhe dei no rosto,
dos muitos beijos que lhe dei no rosto,
da cor de seus seios
que certa vez eu menino tive bem perto do
terreno do olhar
Ela nunca esquecia o meu aniversario; num
deles,
fomos almoçar num restaurante de
Madureira;
tia Solange me enchia de revistas em
quadrinhos,
ali iniciei meus vôos
Ainda estou enterrando os meus mortos
Reduzido a uma dúzia de lagrimas,
há coisas que falo que são só para os meus
ouvidos,
você não entenderia; por isso,
toda a porradaria que esse poeta faz com a
guitarra
é terremoto fronteira vertigem
Ramos em lagrimas, pássaros em lagrimas,
Heloisa em lagrimas,
lagrimas de barro no colar da moça,
botões de lagrimas lubrificando a retina,
as pálpebras, o nariz, os cílios, o vidro
da Terra
( EDU PLANCHÊZ )
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Não haverá mais furacões e outras catástrofes
A Humanidade que ergueu monumentos
tal qual a estátua da Liberdade,
a Torre Eiffel, as Muralhas da China, o
Taj Mahal...
poderá sim forjar uma nova Era,
de homens conscientes
Vejo sim, novas águas limpas, coalhadas de peixes e crianças.
Nas novas velhas cidades guiadas belo,
as mesmas pessoas, agora reformadas
trançam magníficas guirlandas rumo a outros liames.
as mesmas pessoas, agora reformadas
trançam magníficas guirlandas rumo a outros liames.
Sim, haverá o novo, nenhuma poluição,
nenhum motivo para empunhar uma arma que
destrua
Os novos habitantes da Terra
trarão em seus rosto as imagens do manso
mar de corais
Eu vejo, mesmo que ninguém acredite, nenhum lixo nas ruas,
nada de rastro de fuligem no horizonte
Lançando mão de toda a tecnologia e da intensa ciência
o novíssimo homem brilhará entre seus
irmãos de outras espécies
O galo e o lobo, a pomba e o camaleão, o
lagarto e a centopéia...
irmãos, grandiosos irmãos,
sem eles não seriamos homens
Eu vejo, mesmo que ninguém acredite,
as florestas serão respeitadas,
o pinheiro e o carvalho continuarão,
a secóia e o jatobá permanecerão frondosos
servindo de morada para pássaros e demais
criaturas
A terra abrirá seu peito para os novos filhos,
não haverá mais furacões e outras
catástrofes
Homem haverá
mudado sua atitude
( EDU PLANCHÊZ )
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O LIVRO
( Ao meu irmão Marco Antonio)
“Os beijos das estrelas
chovem sobre seu corpo”.
( Aleister Crowley)
Os fios que cobrem o tecido do braço são feitos de perfumes
Creia que o meu e seu corpo hospedam bilhões de florestas
A confiança nos levara ao trono dos pássaros
e você poderá dizer:
que o meu e o seu cabelo servem de ninhos
para os celestiais depositarem seus ovos
Apesar das ruas andarem turvas,
trafega com vossa luz por cada rosto
Os que conhecem o espírito do frio
poderão encaixar o sol nos furos do vento
e nas cavidades do olhar
Encontra no gato um antigo irmão
e no cachorro a voz de nossas mães
Filhos e filhas da Grã-sonata amarela! Reais minérios,
a liga, a ponte que nos ata ao dom delirante dos caramujos
Dizer que o galo vermelho anda solto
na voz da mulher de negro,
é afirmar aquilo que os lábios de Raul espalhou
por nossos braços e costelas
( EDU PLANCHÊZ )
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“AZUL GEMADO”
Ao meu filho Ícaro Odin
“Eu sou a cobra que dá
conhecimento & deleite & gloria brilhante...”.
Pálpebras azuis
celestes... Abóbada do meu corpo...”
(Aleister Crowley)
Estalo fluorescente de antas de chocolate
rolando sobre sombras
Visões trazidas no volume místico das coisas
O querer de maio é intenso,
maior ainda para os que corroem os moinhos
Sou uma chaminé, moro numa delas
Construir e desconstruir casas, poemas, portas de carne,
amores que não me querem
A palavra tartaruga chegando
e eu buscando frases para encaixá-la
Melhor, o sistema solar dessa casa descansara noutro hoje,
nos cantos dos calos do sólido bicho
Palavra saindo de palavra para entrar em palavra
Cecília Meireles assumindo sua existência de luva
porque esta frio em
São Jose dos Campos
Violão (porque quero) de pó de café
Mario Faustino diz que o homem
e sua hora se esbarram num caderno matinal
22 de maio 2004
( EDU PLANCHÊZ )
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VELHO
Velho, muito velho,
com mais de cem anos,
beijando as costas da baronesa
da chama tremulada
Velho, muito velho,
retendo nos lábios o sangue
e o retoque para aprofundar as rugas
Gostaria de herdar os navios e as pontes
que os mouros
e os escoceses deixaram de edificar
Os dias que ainda tenho
Os dias que não mais terei
Velho, remendado, carvalho repleto de anéis,
cascavel arrastando bilhões de guizos
Velho, orgulhosamente assim:
capitão de abismos cativantes
( EDU PLANCHÊZ )
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VELHO II
Mergulho na gota e na nova branca coisa
que cobre o festeiro rosto
Velho, forasteiro, permanente morador
Economizo palavras,
os velhos assim o fazem
Violão encostado, parede clara,
clara cidade fria
Homem frio vivendo no frio
A cartilagem da musica
dissecada pelos vibratos
de Maria Bethânia
gosta do frio
Vibro com a cantora
Vibro suando sobre o postulado dos radares
( EDU PLANCHÊZ )
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MAIS VELHO
Mais velho, todos, eu, o alicate,
Jorge Luis Borges,
Londres, Paris, Córdoba,
a sopa, o teto do relógio,
meu pai
Antonio Eduardo, o personagem que governo,
possível país,
submarino de carne e musica
Mais velho,
fundido-se a planta,
indo ao mar coberto de naves,
para colher no fio das cidades um caju
( EDU PLANCHÊZ )
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O DEMONIO DA VELHICE
O demônio da velhice
derrama capas de chuva
sobre os homens
para que eles fiquem tristes
Alguns, os estranhos, não se intimidam,
despejam o óleo,
o alho e o limo das frigideiras
no fundo falso
dessas vencidas criaturas
Velho é o fim do mundo
que as beatas veneram
( EDU PLANCHÊZ )
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OLIVA
Oliva, a lamina, não o cabo
Jimi-poderes aguçam o lodo lúdico,
e a carpa ( pedaço-do-dia-que-a-noite-encontrou)
jura que suas serpentes de ovas
são Plutões-Uranos- fervendo
no liquido organismo
A cor em seu momento vermelho
planta pétalas de gelo nos joelhos das rochas
Queira comigo ver as entranhas,
alaranjar o perfume,
dizer sim a morcegos e libélulas
Outrora esteve comigo no estomago planetário
do deus Orenoco,
foste peixe,
concha, marisco,
aguapé,
muralha de relâmpagos
( EDU PLANCHÊZ
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FOI PRECISO CANTAR
PELA MILÉSIMA VEZ O BLUES
DA PIEDADE
PEDINDO PERDÃO A CAZUZA
PEDINDO PERDÃO A CAZUZA
José Agripino falava num canal de tv a cabo
de seus livros de sua vida mal criada
Edu Planchêz se prostituía
em nome de um bem estar qualquer
Num ato involuntário derrubou um pouco de sal
sobre a geladeira
da contista Rosa Kapila
mãe de seu filho
por isso quase trucidou quase foi trucidado
José Agripino na tv no Embu das Artes lançando um novo livro
Edu Planchêz com seu filho Ícaro Odin num sobrado da Tijuca
domando a depressão e os espíritos retrógrados
Nada que o amor não resolva,
mas, no entanto foi preciso cantar
pela milésima vez
pela milésima vez
o Blues da Piedade pedindo perdão a Cazuza
Mudarei de calçada para o bem de todos
Esse são dias de ajustes,
Edu Planchêz perdeu a
cabeça, queimou a pipoca,
abusou do açúcar, lançou jatos de moscas sobre o fogão,
deu com o costado da cadeira no pescoço da andorinha
ainda não nascida
Nada que a arte não piore
( EDU PLANCHÊZ )
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HORA E A VEZ DE AUGUSTO
MATRAGA
SENTAR-SE A MINHA MESA
SENTAR-SE A MINHA MESA
Seu Augusto Matraga,
acho que levei mais da metade da minha vidinha ouvindo
o matraquear de seu nome,
num sei se du beiçu dus sapu di chifri
ou si das rodela da fumaça qui cutuca dêsq’eu nasci
us gaio de minhas oreia
Manu véio, Maria por cá nunca foi virgem, a virgem aqui é outra
e dá sem parar prus inventores de puesia;
mas vãmu deixar de prosa-sem-carne
e merguiá nas carnes du prato mesmo,
antes que a erosão artoriana du cérebro
(que minha amiga Rosa Kapila tanto fala)
venha fazer parte da sopa
Nem mato, nem cavalo,
cachorro mijando nos ângulos da rua
e nas traves do pensamento que constrói planetas de rapadura
Quase num entru na Academia
que você antes de se despedir dos vivos
habitou por três dias
(só vou lá quando tem coquetel
(só vou lá quando tem coquetel
porque num quís ser medico nem diplomata)
Se você não tivesse morrido (Você morreu?)
poderíamos ir a um dos Armazéns da Praça Mauá “nada fazer”,
e “nada a fazer” pode estar englobado no ato de bisbilhotar
os navios lá ancorados,
os navios lá ancorados,
ou mesmo degustar sandubas de carne moída
numa das barracas que fica em frente a delegacia da poliça federá
Sei para que lado fica Goiás:
(eu) indo pros vestidos de Brasília
passei por alguns dos torrões desse teu estado,
me alembro que ú veículo q’eu habitava aprochegou-se
num posto-de-beira-de-estrada,
passei por alguns dos torrões desse teu estado,
me alembro que ú veículo q’eu habitava aprochegou-se
num posto-de-beira-de-estrada,
para os forasteiros serem vacinados
contra a malaria vigente por aquela vibrante região
Seu João Augusto Matraga das Pindaíbas Enjoadas,
té estou tentando acaipirar meus vocábulos pra ficar de cócoras
cum ocê, mas sei que num
passo dum esquizóide urbano
que quasi nada aprende, no máximo,
consigo ir arrancando palavras auras-pintadas
consigo ir arrancando palavras auras-pintadas
do esôfago e das serpentinas do meu cérebro
”coágulos-de-sol” casa de Homero e Virgilio
O café quase ferveu e a onça da fabrica de computadores rugiu enquanto trocava essas trova com o cumpadi.
Pena que é só na imaginação de suspensos jardins
que batemos esse papo de aranha-mineira
Sabe o que eu acho na desmentira,
que o céu é nada diante de ocê
que o céu é nada diante de ocê
( EDU PLANCHÊZ )
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A liberdade está
repleta de seres
( À Rosa Kapila)
Você deve possuir a cor que desejar
ninguém tem o direito de criticar vossa escolha
Está escrito na lógica dos desejos
que o céu contém mais peixes que os oceanos
Amarra nas crinas do cavalo de Tróia
as bocarras da noite
que a loba da pele azul cintilante nos prenderá nos anéis das
almas almiscaradas usando a luz das prênhes amoras
Você deve possuir a si mesmo desejando
a totalidade do Logos
Está desenhado nos tonéis e nas tintas
a minha e a tua cara mutante
nada mais que humana
Se ela cultiva uma lacraia na buceta, deixe-a,
a liberdade esta repleta de seres
( EDU PLANCHÊZ )
( EDU PLANCHÊZ )
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SENDO BORGES
( Para Rosa Kapila e seus dedos infernais )
Sendo Borges,
ingresso para sempre no círculo
das imagens roldanas engrenagens
aquecidas no rolar do tempo
dos homens de gênio,
esse tempo não pode ser contado, ele sequer existe,
talvez possamos nos esqueletos das palavras
bolinadas (pelo poeta) provar os ponteiros e a lança,
o nascer e o morrer das estrelas
Sendo Borges,
contemplo o que queda das circunstâncias
e vou a meu modo com palavras
gerando da forma que percebo
a coisa que você chama de poesia
Aqui nessa esquina
escrevo tão bem quanto Novalis
Mas vocês preferem olhar
para os mortos da Europa
Moro na América Latina,
até então república de escravos
Aqui pouco se lê,
a maioria dos que aqui
escrevem
provam o bolor da fome
Sendo Borges,
penso, acabo perdoando os ingênuos,
afinal de contas,
nem leite C eles tomam
Sendo Borges,
entre os vis faço as refeições
olhando para eles e para o construtor
da Grande Pirâmide
A marca da Pantera, O céu dos românticos,
As reinações de Narizinho,
quitutes do lítero cardápio
que o mestre momento derrama
sobre a pele dos olhos
Sendo Borge,
é glorioso triturar o globo, o cubo, o losangulo, o triangulo
e o trapézio com o martelo da inteligência dos mariscos
e repartir os cacos das geométricas formas
com os povos desses continentes ensangüentados,
e a titulo de nada sob as ordens de Baudelaire
cantar a canção dos marinheiros
Içar velas! Homens ao mar!
Tirar a ancora da cama
para que a Vênus vinda do fundo suba nos espelhos
e nas lanternas que pendurei no umbigo
Sendo Borges,
calço o sapato,
as luvas,
a cartola...
e entro com sono
no fígado dos seres imaginários
( EDU PLANCHÊZ )
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DIVIDO O MANJAR COM OS LAGARTOS
( o sequito das intocáveis)
Divido o manjar com os lagartos,
bem sei que eles nos olham
mirando o esôfago;
por meio de uma lupa de
fogo esses senhores penetram
a mitocôndria do muito
antes, antes mesmo de sermos fetos
Caso encontre um lagarto no piso dos jardins suspensos
prepare-se para viver no
centro do ímã
onde todos os destinos se cruzam
onde todos os destinos se cruzam
Você deve achar tudo que escrevo muito estranho,
confesso ter a mesma
opinião
Me chamo terra,
recebo das nuvens de
nêutrons
as palavras da chuva,
palavras rebeldes não pisam
em linha nenhuma,
nunca freqüentaram reles
dicionários
De nada adianta cercar com
farpados arames
o
séqüito das intocáveis
( EDU PLANCHÊZ )
( EDU PLANCHÊZ )
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QUE AQUI SEJA KANSAI
( à aniversariante Rosa Kapila )
As cara que vejo no monitor
As caras que não vejo no
monitor
O camarada-eu-mesmo
cantando na tromba do fone de ouvido
Gostaria de entender os mesquinhos
para não mais arder de raiva
Essa necessidade de sempre vencer...
a corda prossegue
arrebentando no dorso
do que ainda anda duro (
nesse acaso, eu)
Brigar comigo por causa de meia dúzia de cabides e uma maçã,
é agredir (sem sombra de
duvidas) toda uma constelação
de poetas e pensadores
Não querendo reclamar mas reclamo
Digo o que não desejo,
bato na própria cara
para não afundar Marte no
fel das lesmas
A convivência humana muitas vezes é serra elétrica ligada
Passar à arte a neurose adquirida, ouvir a historia do carvão
que se verteu em diamante
da própria boca
Transmutação em nome da
inteligência
A minha inteligência nada
serviçal encontra a inteligência
e a anatomia cósmica de
Leonardo Da Vinci
Na poesia o pensamento se
organiza,
devolve o poder a mecânica
viva do corpo:
o homem volta a andar,
dá a César o que é de César,
reescreve o poema amassado,
atravessa sem errar as ruas
Aprendo a não me curvar diante da maldade
vinda do emaranhado cérebro
dos ainda tolos
Se não escrevesse esse
desabafo teria dificuldades,
dormir de que jeito?
A voz do meu amigo, doutor
Lino,
atravessa os muitos
quilômetros
que separa o Rio de Janeiro
de São Jose dos Campos
para acariciar meu heróico
coração-pão-de-açucar
02h30m, meu Mestre Poeta Daisako Ikeda, se estiver no Japão,
deve ter acabado de
almoçar;
o sangue que gira em seu
olho
gira no meu que é amarelovermelhoazul,
cores da bandeira da Soka
Gakai Internacional
Meu Mestre,
aqui seja Kansai
A culpa das tempestades que causei,
é alimento, fortalecera a
fogueira
da minha grandiosa
Revolução Humana
Durmo sobre o arco-íris que
sai da Torre do Tesouro
Orgulhosamente:
Eduzinho Planchêz – Rio, 30-agosto-2004
Orgulhosamente:
Eduzinho Planchêz – Rio, 30-agosto-2004